domingo, 28 de fevereiro de 2010

Era uma vez uma lotérica...

OBS: história real.

Se existe um imã para problemas, para micos, confusões e pequenas situações de desespero, sou eu. Todas as pessoas devem pensar isso, faz sentido, e não sou exceção à regra - me considero o mais forte de todos.
Estava tendo uma bela conversa com minha namorada. Já faziam horas e horas que estava na frente do computador fazendo nada, basicamente esperando-a para iluminar meu dia. Quando entrou, foi uma redenção, de repente o dia ficou perfeito e imaginei borboletas voando num jardim lindo ao nascer do sol.
- Diego, vai na lotérica fazer o jogo do teu pai. - minha mãe fala pelas minhas costas.
Merda. Já devia ter impresso todos os cartões, mas estava ocupando fazendo nada. Rapidamente liguei a impressora, arrumei os cartões ali e abri o programa que me permitiria imprimi-los de forma correta.
- Por favor, estejam configurados... - implorei baixinho enquanto a impressora fazia barulhos antes de começar a imprimir meu teste. Detalhe: caso a impressão estivesse torta, precisaria configurar manualmente todas as margens do pequeno cartão, até achar uma forma de que todos fiquem mais ou menos em cima.
O cartão saiu da impressora.
Numa escala de zero a dez no quesito torto, daria... dez e meio.
Começou minha longa empreitada no ajuste de milímetros, margem 1, margem 2, margem esquerda, etc. Cerca de quinze longos minutos de irritação e desespero, ao mesmo tempo que só conseguia pensar em borboletas morrendo. Acima de tudo, a lotérica fechava as seis, ou seja, dali a vinte minutos. Finalmente configurados e impressos, despedi-me rapidamente de minha namorada e corri.
A fila da lotérica estava quase saindo da porta, o que, à esse ponto, não me surpreendeu. Tomei o último lugar e esperei, esperei, esperei, esperei e esperei mais um pouco.
Finalmente na minha vez...
- Moço, os cartões não passam.
- Como assim não passam?
- Devem ser essas letras aqui embaixo. - e me indicou uma marcação que minha impressora fez em todos eles.
- O que faço então?
- Tens que passar todos a limpo com caneta. Vai naquela mesa ali do lado que a moça te ajuda.
Localizei a mesa ignorantemente baixa para mim, mas sem reclamar, peguei a caneta, novos cartões, e comecei a passar os 16 cartões a limpo. Depois de dois minutos minhas mãos já doiam e comecei a suar bastante. Quando estava quase terminando, uma moça da lotérica se ofereceu pra ajudar.
Faltando meio cartão pra terminar, você quer ajudar?, pensei, mas deixei ela fazer nada por mim e se passar por heroína.
A boa notícia, pensei, era que eu podia me meter lá no mesmo caixa de novo sem pegar fila. Foi o que fiz, mesmo odiando a sensação de que furei fila.
- Moço. - a mulher disse, e já me preparei para o novo tiro. - Na verdade, não eram as letras, é que faltavam dois números em todos os cartões.
Quando você está a duzentos por hora num carro, e do nada muda para a primeira marcha, o motor do carro é cuspido para fora com uma explosão muito feia. Foi mais ou menos assim que me senti naquela hora.
- Era tu, Jack? - uma voz reconhecível me pergunta por trás.
- Ah, ótimo. - meu (melhor) amigo mais corneteiro de todos, estava na fila também.
- Que aconteceu? - ria muito.
- Não queria saber.
- Moço? - a mulher do caixa me chamou. - O que faço então?
Pensei rápido. A lotérica ja havia fechado, só quem estava ali dentro seria atendido, não tinha como voltar e pegar os dois números restantes, e meu celular ficou em cima da mesa do escritório, porque pensei que não precisaria dele.
- Marca qualquer dois números aí. - falei.
Ela marcou, e os cartões passaram, mas eu não estava tranquilo.

- Pois é, daí não passou, fiz de novo não deu certo, daí não tinha celular e disse pra ela passar qualquer dois números. - expliquei da forma mais simples possível para minha mãe.
Ela analisava os cartões com cuidado, procurando algo para colocar a culpa toda em mim, algo me dizendo que ela ia conseguir.
- Faltou número? - perguntou.
- Sim, não sei como, mas faltou.
- Foi problema na impressora. - disse, mas de uma forma que isso parecia ser culpa minha.
- Pode ter sido.
- AH, ta aqui o erro ó! - disse, e senti que a culpa invadindo meu ser, mesmo sem saber o que era ainda.
Então ela me mostrou o erro.
Observe a imagem ao lado. O cartão que usei era assim. Tá vendo aqueles quadradrinhos pretos ali em cima? Pois é, eles já vem com o cartão. Acreditam que os dois números foram impressos EXATAMENTE ao lado desses malditos quadradrinhos, EXATAMENTE do mesmo tamanho e cor? É só ver a imagem que está embaixo, ficou exatamente assim. É ou não uma coisa absurda só pra me ferrar?
Claro que a culpa foi toda minha, porque eu não chequei os cartões antes de levar, ou porque não prestei atenção, consequentemente, porque estava fazendo sem vontade, e porque estava no MSN (o que isso tem a ver?).
Minha cabeça não é das melhores no quesito atenção, mas essa foi pra matar.

A moça da lotérica deve achar que sou louco até hoje, meu amigo me tira com isso até hoje, minha mãe não perde uma chance de mencionar isso até hoje, e claro, convivo com isso.
Na hora foi um saco, mas temos muito mais coisas pra fazer na vida do que se preocupar com coisas desse tipo, certo?
Certo?

O engraçado dos micos na minha vida é que eles sempre são por minha culpa, mesmo que eu nem saiba disso no momento. Raramente são micos rápidos, como tropeçar na frente de uma garota linda, gritar algum palavrão sem querer no meio de várias pessoas desconhecidas ou espirrar "algo mais" e alguém ver (apesar de já ter passado por todos esses). São micos elaborados, como um roteiro inteligente cheio de alusões, tipo Lost.
E como na série, no final eu fico perdido sem entender nada.

Um comentário:

  1. acho que vc costuma passar pelos micos desapercebidos e insistentes... é mico, mas vc não sabe e ainda insiste nele. kkkk eu tbm sou assim :)

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