domingo, 27 de junho de 2010

After Life, After Love

Sempre teve alguma coisa por trens.

Várias vezes em sua vida, os via como metáforas visuais perfeitas sobre decisões, amor, poesias, e tudo mais. Começou quando, uma vez na adolescência, fez um conto que se passava numa estação de trem. Era bonitinho, o garoto precisava ir, a garota chorava muito... a porta dupla se fechava e ele ia embora, mas ficava lá, de certa forma.

Lembrar de sua jornada também parece como estar dentro de um trem. Olha pela janela, vendo os acontecimentos marcantes, as bobiças com os amigos quando tinha dezesseis anos. Gostavam de subir num morro e estourar rojões embaixo das fezes das vacas.

Também sempre teve uma paixão por música. Qualquer momento, escutava as suas favoritas, ou inventava melodias no piano em sua cabeça. A ironia é que nunca soube tocar piano.
De todos os sonhos que teve, pôde chegar até ali feliz de ter provado que o amor era verdadeiro. Um sonho, sim, mas real, também.

Imaginou-se entrando num trem, mas sem saber para onde. Era fascinante, uma viagem sem volta para um lugar desconhecido que se fosse apenas vazio, apenas o fim, iria com tranquilidade, pois vivera uma boa vida.

Então entrou nesse trem, deixou a porta se fechar. Imaginou apenas uma pessoa ali dentro, mesmo que ela já tivesse entrado nesse trem um pouco antes.

Sorriu, e ironicamente, nunca havia andado num trem toda sua vida.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lembranças

Acontece nos dias mais comuns,
numa noite aberta,
quando menos se espera.

Cria-se a lembrança,
parágrafos e páginas que se prendem à lugares,
pequenos objetos,
folhas de papel,
olhares e toques.

Nunca se sabe a hora de dizer adeus,
de pensar por uma última vez em como foi bom.
Nunca sei se estou preparado o tempo todo para isso,
por mais que tente.
Poderia levar comigo as lembranças?

Ou poderia ter um longuíssimo segundo antes de ir,
para revistar cada uma delas com carinho?

Poderia pedir, que nesses últimos momentos,
você lembrasse de mim como lembrarei de você?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Algo sobre o amor

OBS: pequeno trabalho em desenvolvimento para aula de filosofia. Ainda vou melhorar, mas faz tanto tempo que não publico nada que, bom, aí está.

O amor é um dos temas mais explorados da literatura, ainda que a quantidade de palavras gastas para falar sobre esse sentimento não o tenha esclarecido, pelo contrário, muitas vezes parece deixá-lo mais misterioso, maior e quase sempre, com tons de impossiblidade. Simplificadamente, seria um vínculo emocional muito forte com alguém.
Por quê? Ninguém sabe ao certo - ninguém quer saber. Uma das delícias do sentimento está na dificuldade de explicá-lo, descobrí-lo e cultivá-lo. Desde os tempos de Romeu e Julieta havia o tal "grande amor" na cabeça das pessoas, aquela idéia geral de que um dia se encontraria um grande amor com quem passaria o resto da vida. Os desenhos animados ajudam, com histórias do tipo Bela e a Fera, Bela Adormecida, etc, sempre com o cavalheiro excepcional e gentil, e a princesa bela e inocente. Por um tempo, permanecia assim a ideia de amor eterno, mas as coisas mudaram.
Hoje, um chamado "príncipe" é bem difícil de se encontrar, e as princesas não são mais tão inocentes. A adolescência atual, o modo de ver e viver as coisas, acabou prejudicando a visão antes poética do amor, dando maior espaço aos desejos físicos imediatos, luxúria mesmo. Pouco importa o sentimento interno que dá vontade de sonhar coisas impossíveis, afinal, isso é coisa de garotas feias demais para ficar com alguém que gostam de ler livros.
O meio termo seria a visão mais correta, entre o respeito ao sentimento e a chamada luxúria, palavra feia por ser mal usada, mas o contato físico é uma das principais formas de expressão na falta de palavras, especialmente o beijo. O amor hoje em dia é extremamente banalizado, pois é um sentimento puro, que pode se sentir entre amigos, pelos pais, irmãos, etc, não apenas por aquela pessoa que mexe com os pensamentos. Esse amor relacionado à paixão, o mais discutido e complicado de todos, é talvez o mais banalizado. O fato de ser considerado "bonitinho" faz com que seja usado como arma de conquista, afinal garotas gostam de coisas fofinhas. É quando o jogo da conquista torna-se um jogo de bajulação e mentiras.
Mas essa é a visão generalizada. A tão notória frase "eu te amo" tem um significado profundo para muitos também, tanto que pode acontecer de esta nunca ser pronunciada antes de algum tipo de certeza, certeza de quão real é o sentimento e de que vai durar.
A questão da realidade e sonho também é interessante e bem explorada na literatura. Quem já se apaixonou sabe que quando as coisas dão muito certo, chega a criar-se um medo de que está bom demais para ser verdade, de que aquilo tudo não é possível, ainda que esteja acontecendo. Como se pode ter uma paixão tão grande por uma única pessoa? Culpe o cérebro.
A visão do príncipe ou da princesa é criada durante a educação e amadurecimento, de acordo com nossos gostos e desgostos, personalidade e tudo mais. Assim que tudo se encaixa, pronto, antes que perceba ou possa correr, caiu na armadilha. É uma sensação estranha, a de se apaixonar, pois existem tantas incertezas, risos involuntários, segundos de reflexão, tantas coisas que nos fazem pensar na vida de forma diferente, como se as coisas estivessem mesmo melhores, como se a vida fosse melhor e mais feliz, e sem aquele amor, não seria nada. Mesmo negando, a faísca acende o fogo ali na nossa cabeça, e quando percebemos já é tarde demais.
Para uma boa parte da população, começam então os sonhos, as viagens em geral. Tem a outra parte, que prefere tentar fugir da confusão, afinal, não vale a pena perder tanto tempo sabendo que tudo pode acabar em nada, como sendo apenas uma ilusão real demais. Ocasionalmente, acaba mesmo com um final triste, cheio de minutos demorados, música emo e comédias românticas. Mas até que ponto pode se chamar isso de sofrer por amor?
Quantas vezes vimos o caso da garota que "ama" um galinha qualquer que a trata como lixo? Esterótipos de filmes colegiais à parte, existe diferença exorbitante entre atração e amor, ainda que estes andem de mãos dadas. O vínculo emocional se forma com conhecimento mútuo, carinho e dedicação, pelo menos, na maioria das vezes. A atração pode brotar apenas pelo contato visual, uma espécie de "amor à primeira vista". O amor romântico, como já mencionado, é complexo. É fácil distinguir atração do real sentimento? Não, não é. É o tipo de experiência que nos engana cruelmente, do tipo que só vivendo e errando para aprender a se importar. A aparência é outra polêmica, pode ajudar, atrapalhar, ou até ficar em segundo plano em frente ao sentimento.
Mas voltando um pouco, a questão do contato físico é tida como importante no romance, principalmente o beijo. O toque dos lábios é como o começo de algo, a repentina mudança nos sentimentos. Ou não. Pode ser apenas um toque de lábios e línguas qualquer. Nesse momento fica mais fácil (ou não) de sentir o vínculo, se é romântico, ou apenas sexual.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Nutshell

Deitados na grama,
encostados na árvore,
realmente pensei que aquele momento seria para sempre.

Os carros passam,
pessoas e suas histórias correm nunca se encontrando,
enquanto a nossa se encontrava.

O tempo corre em seus relógios,
no nosso não.

A noite fria me fazia tremer,
o frio que o calor de seus olhos não conseguia dissipar.

Os minutos passavam,
e de cinco em cinco, perguntava-me:
isto é mesmo possível?

Queria me beliscar,
checar se não estava dormindo.

Poderia aquele ser o sonho mais perfeito de todos?

domingo, 6 de junho de 2010

Viva as amizades!

Vemos pessoas todos os dias, todos os curtos dias dos quase 400 de cada ano. Para alguém que mora em cidades pequenas como eu, reconhecemos rostos eventualmente, mesmo que a pessoa por trás dele continue um mistério intocável.

Surpreso fico é com as pessoas que entram em nossa vida impressionando, chegam chegando sabe, imediatamente mostrando a pessoa que é, automaticamente tendo seu rosto marcado com adjetivos louváveis - sincero, misterioso, querido, divertido...
A parte engraçada é que tal rosto nunca havia aparecido por aí antes. Penso que talvez, estavam se escondendo para serem encontrados na hora certa. Figuramente falando.

Fico feliz com as pessoas que trazem alegria para minha vida e gosto de ser a alegria na vida de outras pessoas também - tarefa mais ou menos árdua (risos).

Amigos e amigas, novos e velhos, essa é pra vocês!


sábado, 5 de junho de 2010

In Rainbows

Vai passando,
devagar...


As coisas loucas,
já não consigo acompanhar.

Não consigo encarar a tarde ensolarada,
ela me trás lembranças.

Não consigo encarar a noite e a lua,
me deixa perdido.

É muito poderoso,
sou tão pequeno.

As boas ideias acabam,
as que não vão acontecer.

Quando as encontro,
já partiram novamente.

Fecho os olhos,
não é bom ficar no escuro.

Abro os olhos,
estou ali, não aqui.

Estou sumindo pela falta de forças,
perdendo a batalha para mim mesmo,
já cheio de cicatrizes,
cansado.


Dou as costas sabendo que não perdi a batalha para ter você,
sabendo que o meu coração você também teve nas mãos.

Mas talvez,
o que importe seja o que aprendemos,
não o que ganhamos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Remember...

É quando penso que acabou,
que está começando.

É quando não estou vivendo,
apenas matando tempo.

É quando está chovendo,
que estou cantando.

É quando a lua ilumina o céu,
quando respiro fundo.

É quando escrevo,
que tento entender.


São nesses momentos,
quando perco tempo,
que estou te amando.