domingo, 27 de junho de 2010

After Life, After Love

Sempre teve alguma coisa por trens.

Várias vezes em sua vida, os via como metáforas visuais perfeitas sobre decisões, amor, poesias, e tudo mais. Começou quando, uma vez na adolescência, fez um conto que se passava numa estação de trem. Era bonitinho, o garoto precisava ir, a garota chorava muito... a porta dupla se fechava e ele ia embora, mas ficava lá, de certa forma.

Lembrar de sua jornada também parece como estar dentro de um trem. Olha pela janela, vendo os acontecimentos marcantes, as bobiças com os amigos quando tinha dezesseis anos. Gostavam de subir num morro e estourar rojões embaixo das fezes das vacas.

Também sempre teve uma paixão por música. Qualquer momento, escutava as suas favoritas, ou inventava melodias no piano em sua cabeça. A ironia é que nunca soube tocar piano.
De todos os sonhos que teve, pôde chegar até ali feliz de ter provado que o amor era verdadeiro. Um sonho, sim, mas real, também.

Imaginou-se entrando num trem, mas sem saber para onde. Era fascinante, uma viagem sem volta para um lugar desconhecido que se fosse apenas vazio, apenas o fim, iria com tranquilidade, pois vivera uma boa vida.

Então entrou nesse trem, deixou a porta se fechar. Imaginou apenas uma pessoa ali dentro, mesmo que ela já tivesse entrado nesse trem um pouco antes.

Sorriu, e ironicamente, nunca havia andado num trem toda sua vida.

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