segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Fabuloso Destino de Jack


Jack acordou sentindo que alguma coisa ia dar muito errado naquele dia.
Checou mentalmente os compromissos fixos da manhã a noite: escola, teatro, Fisk, voltar para a videolocadora e criar teias na frente do PC. Era muito provável que entre a escola e o teatro, acontecesse algo muito grave, como ser atropelado por um ônibus - isso simplesmente porque viu um garota bonita e resolveu cumprimentá-la.
Ele riu. Nunca faria isso, cumprimentar uma garota bonita. Agora ser atropelado, bom que escolha teriase o destino lhe reservasse uma conclusão dessas?
Vestiu o uniforme, escovou os dentes e partiu, ainda com um pressentimento estranho. Era como se tivesse saído sem vestir a calça e estivesse de cueca na rua. Esqueceu algo? Tarefas, algum trabalho, alguma prova... nada parecia fazê-lo lembrar.
"Dane-se", pensou.

- Que notícia maravilhosa! - exclamou ao ouvir de seu amigo que não apenas esquecera de uma prova, mas era uma prova de química. - Isso é simplesmente maravilhoso.
Não havia um segundo sequer para rever o conteúdo, restava apenas brincar com a caneta até o tempo acabar. Tentou fazer alguma questões, mas isso parecia apenas piorar sua situação.
"Ok, me resta decidir: tentar alguma coisa e me humilhar, ou deixar em branco e me humilhar mesmo assim? O que é menos humilhante? Hum, parece a escolha de Sofia..."
Decidiu enfim por tentar algumas, e deixar outras em branco, porque parecia ser um meio termo. Ele não sabia que no final, a nota seria a mesma não importando o que decidisse.
Quando as tortuosas duas horas acabaram, bateu o sinal do recreio. Estava um tanto desanimado, mas geralmente, conseguia esquecer essas coisas muito rápido. Pensou em ir ao banheiro passar uma água na cara - via as pessoas fazerem isso nos filmes. Caminhou até o cantinho perto de uma escada, onde estavam os banheiros masculinos e femininos.
"Em qual eu entro?", brincou consigo mesmo, entrando no masculino.
Ligou a torneira e jogou uma água que parecia vir diretamente dos rios do Polo Norte.
- Agh! - reclamou, percebendo que aquilo mais piorou do que ajudou.
Então escutou alguém, aparentemente no banheiro feminino. Desligou a torneira para escutar melhor - parecia um choro. Franziu a testa.
Aproximou-se, mas sem aparecer na porta. Definitivamente, alguém estava chorando.
"Ótima desculpa para entrar no banheiro feminino", pensou, "Mas é melhor ficar fora dessa. Com a minha sorte, ela deve estar com uma pistola e quem vai levar o tiro sou eu. Por tentar ajudar."
Jack hesitou com seu pensamento fúnebre e virou as costas para sair dali.
Mal tinha virado, e outra pessoa trombou nele.
"Merda", foi a primeira palavra bonita que lhe veio a cabeça.
- Jack. - ela disse sorrindo. - Tava procurando você.
- Ah. - foi a primeira coisa inteligente que lhe veio a cabeça.
- Vamos fazer uma festinha da turma. Você pode ir?
- Claro.
- Traz dez reais até o fim de semana então, a festa vai ser segunda.
- Beleza. Ótimo. Você é linda sabia?
Na verdade Jack nunca falou e nunca falaria esta última frase, mas num mundo perfeito, ela sorriria e o beijaria. Claro que seu mundo estava longe de ser perfeito. Às vezes, parecia um dos nove círculos do inferno.
Depois que ela saiu, tentou se recuperar da estranha tontura que sentiu, do coração quase saindo do peito, etc.
Eles se falavam a pouco tempo, mas de alguma forma, parecia conhecê-la a meses. Perdeu seu medo de garotas há muito tempo (ok, há alguns meses), mas essa lhe causava efeitos colaterias estranhos. Não era medo, era outra coisa - que ele só conseguiu explicar mais tarde, ou mais precisamente, no final desse conto.

Voltou à sala, e percebeu como ela sentava sempre longe dele. Obviamente, não tinha nada a ver com sua pessoa, era apenas o lugar pré-determinado pela professora no começo do ano. "Maldita distância", pensou, sem saber que estava há menos de dez passos dela.

Finalizado o dia letivo, voltou para a videolocadora, deixou a mochila lá dentro, saiu, pegou almoço para sua mãe e para si próprio, voltou, comeu.
Essa rotina se repetia há dias e era um bocado irritante, mesmo que curta.
Enquanto comia, ou melhor, brincava com a comida, devaneiou sobre a vida. O quanto sua vida era engraçada, inusitada, às vezes melancólica e trágica, mas geralmente no sentido sarcástico da palavra. Como num filme que viu há uns meses, onde o personagem decide descobrir se sua vida é uma comédia ou uma tragédia, daí ele pega um caderninho, escreve "Comédia" de um lado e "Tragédia" do outro, e fica marcando pontos no lado que se enquadre no decorrer do dia. No final, "Tragédia" ganha por uma diferença exorbitante de pontos - mas ele não percebeu que o simples fato disso ter acontecido já colocava sua vida numa "Comédia" das boas.
O que é irônico, pois provavelmente, Jack nunca marcaria pontos na comédia.
- Come que vai esfriar. - sua mãe resmungou, cortando seu devaneio.

Perto das duas horas, tomou o rumo a aula de teatro.
Gostava muito disso, principalmente da criação da peça, quando podia escrever e dar ideias, desenvolver personagens, etc. Sua professora disse que ele era muito bom, tinha um humor inteligente nas piadas - algo que ele duvidava, mas gostava de ser elogiado, mesmo que não confessasse.

Após a aula de teatro, restavam duas horas para o próximo compromisso. O que fazer? Jack pensou em sair pelo centro, sem compromisso, passar na loja de música e namorar alguns violões caros que nunca vai ter, outros instrumentos que nunca vai tocar; talvez, babar por algumas garotas da loja de roupas, as de sua idade - como podem ser tão bonitas? É uma boa ideia.
"Até parece", pensou, assim que chegou no escritório e viu a cadeira do PC vazia.
Ficou ali por uma hora até que ela entrou.
Como sempre, seu coração falhou, e se perguntou se pessoas que tem problemas de coração sofrem muito com isso.
Também lembrou de uma reportagem que leu em uma dessas revistas de garotas, que dizia que se quisesse saber se um rapaz está interessado, espere ele chamar no MSN. Que sonho seria se, do outro lado, ela estivesse esperando-o chamar. Mas seria apenas um sonho mesmo.
Antes que ele terminasse de devanear, ela o chamou.
Seus olhos brilharam, quase como um emoticon de MSN.
Ela: Jack?
Ele: To aqui o/
Ela: Não esquece do dez real amanhã ein ;D
Ele: huauha eu? esquecer das coisas? chegou é!
Ela: Esquecer das provas é uma sensação ótima não?
Ele: Maravilhosa. Mas acho que fui bem rsrs
Ela: Ah de certo foi! huauha
Ele: Sou inteligente ok, presto atenção nas aulas '-'
Ela: Sei que presta.
Ele: Pelo menos pra isso eu presto hehe
Ela: Então tente 'prestar' pra lembrar das coisas ok? Tipo o dez reais?
Ele: Pode crer ;D
Ela: Vou lá! Mães...
Ele: Entendo o/ Até mais ;*
Ela: s2

"Isso foi um coração? Um 'ésse' e um 'dois'? Coração? Merda!" Foi seu pensamento na hora.
Jack também tinha esses problemas mentais, de fazer tempestades em copos d'água. Principalmente com garotas - ou melhor, apenas com garotas. Um "Bom dia Jack", vindo de uma garota, em sua cabeça, significava algo do tipo "OMG! ELA FALOU COMIGO! PUTA MERDA, EU NÃO SOU INVISÍVEL!"
Algo do tipo.
Nesse ponto, sua vida poderia deixar de ser uma comédia ou uma tragédia, e virar um romance, um lindo romance tipo... Titanic. Esperançosamente, com ele ficando vivo no final.
- Ainda no computador? Credo. - sua mãe chiou da porta.
- Não, estou lá no banheiro.
Ela odiava isso, pois a irritava profundamente. Nessas horas, olhando dentro dos olhos dela, Jack via o quanto vivia perto da morte.

**

No final do dia, Jack deitou na cama e como sempre, começou a refletir sobre o dia e a vida. Um belo exercício de relaxamento (ou não).
Lembrou daquela garota chorando no banheiro.
Imaginou o que poderia ter acontecido se tivesse realmente tentado ajudar, ao invés de desistir pensando em levar bala perdida. "Isso foi ridículo", pensou.
Sua vida poderia ter mudado completamente caso tomasse outra atitude. Mas será que então ela teria percebido-o entrando no banheiro feminino e pensado "que pervertido", desistindo de convidá-lo à festa.
São muitas possibilidades.
Jack pegou o caderno e resolveu escrever qualquer coisa sobre a vida.

Pensou por um minuto, rabiscando um círculo no canto da página, enfim começando a escrever.
"O tempo todo, eu penso que minha vida é uma confusão sem limites, e que sou apenas mais um pontinho insignificante na vastidão do universo, só mais um aglomerado de átomos - parte da química que nunca entenderei completamente."
Por um segundo parou, se perguntando se as vírgulas que usou estavam no lugar certo. Mas logo, ignorou e continuou.
"Tudo pode ser um monte de incríveis coincidências, ou pode ser um pequeno teatro de bonecos, todos controlados por algo ou alguém - isso seria tosco."
Pensou mais um pouco.
"Minha vida pode ser estranha, engraçada, trágica ou ridícula, mas é ótima, às vezes só não percebo isso. Claro, pois me preocupo demais com pequenas coisas, e não vejo a 'big picture': que minha vida é linda. Eu conheço pessoas maravilhosas, cada dia deixo de ficar feliz por coisas bobas, quando posso estar eternamente grato por conhecer quem conheço, sendo coincidência ou não. Principalmente, por conhecer ela."
Jack parou.
"Que porra é essa?", pensou. "De onde veio isso?" Questionou-se um tanto surpreso. Ficou com vontade de apagar aquilo, mesmo sabendo que estava a caneta.
Mas então, relaxou, sorriu e percebeu outra coisa.
"Ok, talvez isso soe como exagero agora, e amanhã, eu ria de ter escrito a frase. Mas o tempo todo, estou há poucos passos dela, não sei por quê não percorro a pequena distância rapidamente. Medo, talvez, um medinho de alguma coisa. Ou só vergonha mesmo... mas a ironia da situação é que quando a distância aumentar para mil passos, um milhão de passos, me arrependerei de ter perdido a chance que tive."

Então Jack dormiu, pensando no destino.
Não importava se o destino resolvesse matá-lo com um ônibus. Importava o que tinha, o que tem, o que pode ter.
Mas sem soar melodramático demais, como já estava começando a soar, simplesmente concluíu que suas maldições eram irrelevantes.
Distância, a maior delas, era na verdade, bem pequena.

Quinze minutos depois, resolveu contar carneirinhos, porque não conseguia dormir.
- Merda.



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P.S.: Essa história me parece inacabada, meio sem sentido em algumas partes, com erros de português... bastante imperfeita. Pois bem, resolvi nem corrigir isso, pois sendo um retrato da minha vida, tem que ser imperfeito. Mesmo assim, Viva La Vida.

8 comentários:

  1. HAHA'
    Sou uma das autoras do blogueando!
    ah, vc tbem estuda na fisk? legal.
    Boa sorte, gostei do texto :]

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  2. huauhas pois é, não sei se voce percebeu, mas eu faltei a aula do Fisk no conto... realmente, igualzinho na vida real! huahua
    aguarde uma visita minha ;D

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  3. kkkkkk'
    tô te seguindo :*
    ah, cê estuda inglês é?
    eu vou para o Aiming at the sky agora dia 12 õ/
    :D

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  4. eu ja to quase no final rs mas é que foi malandragem, quando eu entrei tinha menos livros, aí pulei os que colocaram depois XD

    ;*

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  5. gostei do conto (:
    apesar de grande...
    mas te entendo a gente começa e não qer mais parar nér?
    eu tbm faço isso as vezes ;x
    beeijoos ;*

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  6. ahuauh não me controlo x) e isso que pensei que nem terminaria... olha no que deu né!
    huauh valeu pela visita ;*

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  7. Sabe as vezes acho que minha vida é uma verdadeira comédia, mas tbm com um pouco de drama (HM)
    OASPKASOPK
    Gostei do texto!
    Beijos Jack

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  8. Nossa, isso que é loucura '-' UHIUDFHIUDSHF,

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