sábado, 16 de janeiro de 2010
Música - Alice in Chains - Dirt
Esses dias, vasculhando CDs de bakup antigões, encontrei o meu primeiro disco preferido. Digo primeiro porque na época, eu não escutava álbuns como obras completas, geralmente escutava músicas avulsas. De certa forma, foi sim o disco que mudou minha visão de música, escutei música atrás de música, na ordem que a banda organizou no CD, e vi que tinha significado naquilo. É uma obra tão sombria e pesada quanto Origin of Symmetry do Muse - talvez ainda mais sombria.
Dá um pouquinho de raiva (talvez por eu ser fã hehe) que o Alice in Chains não seja tão lembrado quanto o Nirvana. Tá, Nirvana é muito massa, mas mesmo assim...
As letras falam de loucuras, vícios, depressão, cair em buracos, sentar em cadeiras nervosas... Nunca ouvi algo tão psicologicamente pesado. Até os nomes das músicas remetem a isso, vai desde "Them Bones" (os ossos) até "Rain When I Die" (cujo refrão é "eu acho que vai chover quando eu morrer").
Mas o trio que encerra o álbum é a melhor parte, sendo também a sequência que melhor resume tudo: "Angry Chair", "Down in a hole" e o maior sucesso da banda, "Would".
A primeira tem um riff pegador e letra violenta, que deixa impossível não pensar que o vício do (ex)vocalista não tenha algo a ver.
A segunda é uma balada, com palavras relativamente leves considerando o resto do álbum. O refrão diz "eu queria poder voar, mas minhas asas já foram tão negadas". Linda, e fica ainda melhor na versão acústica.
A última, o maior hit, começa com um baixo fodão e parte para um refrão poderoso: "dentro do buraco de novo, a mesma viagem que era no passado, e daí que fiz um grande erro, tente ver do meu jeito uma vez."
Jerry Cantrell, guitarrista e vocalista secundário, parece ter nascido para cantar com Layne. A suavidade de sua voz contrasta perfeitamente com o tom mais arranhado e rouco do parceiro. E se sua voz é suave demais, suas guitarras não chegam nem perto disso. Riffs inspirados, ataques repentinos (sua marca), e além de tudo, ainda consegue destacar Layne no meio de sua barulheira. Parabéns.
A banda comentou em algum lugar que a sonoridade do álbum lembra a paisagem desolada e morta da capa do disco. Impossível não concordar.
Layne, o vocalista, era viciado em heroína, vício que o matou em 2002, quando sofreu overdose depois da morte da namorada - isso já estando confinado em seu apartamento há tempos. Sua voz era não apenas poderosa, mas marcante, triste e agressiva, na intensidade que ele quisesse. Pena que essas vozes se percam tão cedo.
A versão acústica mencionada da canção "Down in a hole" vem do show Unplugged que eles fizeram, onde os problemas de saúde de Layne já eram visíveis. Ele usa óculos escuros a maior parte do show, sempre com a cabeça baixa. É quase uma despedida. Incrivelmente, sua voz continuava firme.
Hoje, a banda segue com o mesmo nome, mas um vocalista novo, e a voz suave do guitarrista Jerry Cantrell está bem mais presente. Mas como ele próprio disse, "Layne é insubstituível".
Sempre gostei mais de Alice in Chains do que Nirvana.
Emfim, Dirt, para mim, é um dos melhores albuns de rock de todos os tempos.
Nota: 4/5
Essa nem é desse disco, mas mesmo assim... putz:
Versão acústica de Down in a hole:
E o maior hit deles \o/:
Deu, chega né.
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