sábado, 30 de janeiro de 2010

Help!


Naquele primeiro dia na escola nova, você entra em um pequeno desespero. Não conhece ninguém, está cem por cento inseguro sobre suas atitudes, e nunca leu na Super Interessante que a primeira impressão é a que fica.
Agora eu lembro dessas coisas como se não fossem minhas memórias, mas de outra pessoa. Cada dia era um parto, sem falar que desde sempre eu vivia de sentimentos e gostava de expressá-los, o problema era expressar para quem, se não conseguia ficar íntimo de ninguém?

Por causa disso, eu fazia o que todo escritor ou escritora já fez alguma vez - escrevia aqueles textos horríveis e geralmente trágicos que nunca leria nem para mim mesmo.

Ainda bem que meu cérebro tem um dom de bloquear coisas tristes e dolorosas (e outras coisas importantes também, mas daí é outra história). O pior de tudo foi me apaixonar justamente nessa época.
Mal entendia por quê estava crescendo tanto, e por quê as pessoas falavam "que voz grossa" cada vez que eu abria a boca, ou mais óbvio, por quê diabos eu tinha um bigode digno de um filme policial dos anos 80?
Sem entender coisa nenhuma, ainda tinha que tentar entender por quê eu pensava que ia casar com aquela garota tímida e inteligente da minha sala. Ah, claro, e eu tinha vergonha de falar com garotas, qualquer que fosse. Bons tempos.

Toda essa minha instrospectividade atrapalhava no relacionamento com qualquer outra pessoa, e consequentemente, no relacionamente delas comigo.
Nos primeiros dias eu não fui "buliado", na verdade nunca fui, pelo menos não diretamente. O fato de que eu era estranho, sempre tinha uma cara de "que diabos está acontecendo e o que estou fazendo aqui?" não ajudava. Muitas vezes, tinha vontade de cantalorar aquela música do Radiohead: "Não estou aqui e isso não está acontecendo".
Eu não conseguia me aproximar de nenhuma garota (isso nem passava pela minha cabeça), e dos garotos que eu era amigo, bom, eles me consideravam o perdido da turma (que eu realmente era), o que não ajudava.

Sem falar que, o tempo todo, eu me martirizava por causa da garota - imagine, eu já era envergonhado, mas quando percebi a paixonite, praticamente cortei relações com ela, sem perceber que estava fazendo uma grande cagada.
Éramos amigos, e um dia, literalmente olhei nos olhos dela e continuei andando. Hoje, provavelmente estou bloqueado ou excluído do MSN dela (risos). Eu já tentei pedir desculpas, mas parece que era tarde demais para dizer que mudei. É a vida.

Mas antes que esse texto se transforme em um relato de minhas desavenças/grandes cagadas de quando era criança, vou tentar ser mais direto ao ponto:
1. Não custa tentar ser amigo daquele estranho e tímido aluno novo.
2. Não vale julgá-lo pela primeira impressão.
3. Vale ajudá-lo com paixonites toscas - essa é uma parte da adolescência que ninguém quer vencer sozinho, coisa que eu tive que fazer (não à toa demorei dois anos para vencê-la).
4. Nessa época principalmente, todos temos problemas. Por isso, é uma ótima época para formar aquelas amizades para a vida toda.
5. Muitas vezes, ao deixar uma pessoa "na dela", pode estar machucando-a.

Claro, o mundo não é perfeito. Quem caiu de cara no chão nessa época (e sempre), sabe que as cicatrizes ajudam no agora - até definem nossa personalidade.

Eu, por exemplo, sou extrovertido, falador e movido por amor, porque um dia fui totalmente o contrário, e não funcionava, porque não era eu.

*sorrio enquanto lembro do casamento que nunca vou ter com a garota que nem fala mais comigo*

Bons tempos.

4 comentários:

  1. *--* Adorei.
    Quem sabe algum dia o destino traga ela de volta. Ja que ainda não esquecesse dela, acho que ela tbm não te esqueceu.. Fez sentido? xD rsrs Quem sabe o casamento q vc tanto imagina, aconteça algum dia *--*

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  2. não, espero que não... ela que fique na dela u.u
    uhauahush
    sério, dois anos foram o suficiente pra eu mudar de ideia \o/

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  3. Own, que texto fofinho! husahasusa gostei!

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  4. Ser tímido não é fácil. Eu que o diga!
    Sofri muito também quando era criança, hoje ainda sofro, mas ainda assim tento ajudar os que são mais tímidos que eu.

    Sobre as paixonites toscas... rsrsrsrsrrs
    Quem não as teve (ou tem)?

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